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Notícias - Dezembro/2018

 

Igam lança encarte especial sobre qualidade da água no rio Doce

[17/12/2018]

Desde o rompimento da Barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, em Mariana, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, o Estado de Minas Gerais, por meio do Instituto Mineiro de Gestão das Águas - Igam realiza, de forma sistemática, o monitoramento especial na Bacia do Rio Doce em 14 estações de monitoramento. Uma avaliação detalhada do comportamento dos principais parâmetros monitorados é apresentada no 3º Encarte sobre o Monitoramento Especial do Rio Doce, publicado nesta quinta-feira, 13 de dezembro, pelo Igam.

O documento traz a comparação entre os resultados do 1º semestre de 2018, com o período pré-rompimento e com os dados estatísticos do primeiro e segundo anos após o rompimento da barragem. A análise se refere aos trechos diretamente impactados da Bacia do Rio Doce.

Na ocasião do desastre, foram lançados aproximadamente 44 milhões de metros cúbicos de lama, mistura de rejeito do processamento de minério de ferro e água, atingindo o córrego Santarém e os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, desde sua nascente até a foz.

Neste trajeto, a lama percorreu aproximadamente 663 quilômetros (km).

Em 2 de março de 2016 foi firmado um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), entre a Samarco e suas controladoras Vale e BHP Billiton, os governos federal e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Em decorrência do TTAC assinado, foi criado o Comitê Interfederativo (CIF), sistema de governança que tem como função orientar e validar os atos da Fundação Renova, instituída pela Samarco e suas acionistas, para gerir e executar as medidas de recuperação dos danos resultantes da tragédia. 

Monitoramento Especial Rio Doce – Igam

Periodicamente, os dados do monitoramento realizado pelo Igam são consolidados, na forma de relatórios técnicos e boletins informativos, com o intuito de orientar as ações dos órgãos competentes, tanto na esfera estadual quanto na federal, bem como para fornecer à sociedade o conhecimento da situação da qualidade das águas atingidas pelo desastre.

Após o rompimento da Barragem da Samarco, a qualidade das águas do rio Doce sofreu alteração em diversos parâmetros monitorados, principalmente aqueles associados à presença de sólidos, tais como turbidez e metais, como ferro dissolvido e manganês total.

É importante destacar que há uma variação expressiva dos resultados dos parâmetros em função da sazonalidade (período seco e período chuvoso). Os dados do monitoramento da qualidade das águas, realizado mensalmente pelo Igam, apontam que no primeiro ano após o acidente (2016), os valores dos parâmetros turbidez, manganês, ferro e alumínio apresentaram uma expressiva elevação no Rio Doce em função do rompimento da Barragem de Fundão. Já no segundo ano do monitoramento observou-se redução dos mesmos (à exceção do ferro e alumínio). Já em 2018, o que se observa é um aumento, tanto no período seco, quanto no período chuvoso, desses metais e da turbidez.

De acordo com a Diretoria de Gestão da Bacia do Rio Doce da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), houve na região de Barra Longa uma série de obras para a retirada de constrições presentes no leito do Rio do Carmo a fim de evitar possíveis alagamentos no período chuvoso, o que pode ter gerado mudanças na qualidade da água. Além disso, após o período chuvoso, a Fundação Renova realizou diversas ações de manutenção das obras de bioengenharia executadas nas margens, que podem ter gerado também a alteração da turbidez.

Para o arsênio total e os metais alumínio dissolvido, cobre total, cromo total, mercúrio total, níquel total e zinco total os resultados apresentaram pequena variabilidade, além da maior parte dos resultados estarem abaixo do limite de quantificação do método analítico.

Chamaram atenção os resultados de cádmio total e chumbo total, no ano de 2018. O cádmio apresentou picos na estação seca. Mas, apesar de terem violado limite legal, seus teores não foram suficientes para afetar a potabilidade da água, ou seja, ficaram abaixo do limite estabelecido pela Portaria MS nº 2.914.

Já os resultados de chumbo total violaram tanto o limite legal quanto os limites dos padrões de potabilidade, pelo menos uma vez no 1º semestre de 2018, em todos os pontos, exceto no Rio Doce, na altura de Rio Casca. Contudo, é importante destacar a presença de atividades de siderurgia desenvolvidas na região, que podem contribuir com os valores encontrados.

Avaliação do comportamento da Turbidez

Observa-se que na série histórica antes do rompimento (entre jan/2010 e out/2015), 90% dos resultados de turbidez estiveram abaixo de 73,9 NTU, não chegando nem a ultrapassar o limite de classe 2 (100 NTU). Durante este período, dos 396 resultados, 29 estiveram acima do limite de classe, sendo que 20 destes ocorreram no período de chuva (meses de janeiro e outubro) e apenas nove no período de seca (meses de abril e julho).

Ao avaliar os resultados no ano de 2016 (jan/16 a dez/16), primeiro ano após o rompimento, observa-se uma piora expressiva (50% dos resultados estiveram acima de 137 NTU), indicando violação em mais de 50% dos resultados. Dos 143 resultados de turbidez obtidos no ano de 2016, 76 estiveram acima do limite de classe, sendo que 48 registraram violação no período chuvoso e 28 na estação seca.

No segundo ano após o rompimento (jan/17 a dez/17), observou-se uma queda nos valores de turbidez (50% dos resultados estiveram acima de 53,0 NTU). Ao avaliar o número de violações observa-se que das 112 análises realizadas no ano de 2017, 36 apresentaram violação do limite de classe, sendo 33 violações na estação chuvosa e três na seca.

á no terceiro ano após o rompimento (1º semestre de 2018), registrou-se pequena elevação considerando os seis primeiros meses, com mais de 25% dos resultados acima de 220,0 NTU e mediana de 66,8 NTU. Ao avaliar o número de violações, observa-se que das 83 análises realizadas no 1° semestre de 2018, 37 apresentaram violação do limite de classe, sendo 33 violações na estação chuvosa e quatro na seca. A piora no 1º trimestre de 2018 pode ser explicada pelo comportamento sazonal dos resultados, uma vez que a grande maioria das violações foi registrada no período chuvoso, conforme esperado, para os períodos avaliados. Na região de Barra Longa, soma-se o fato de terem ocorrido diversas ações e obras pela Fundação Renova após o período chuvoso, que podem ter gerado mudanças na qualidade da água, como a alteração da turbidez.

Esses resultados demonstram o impacto do rompimento da barragem de Fundão sobre as águas do Rio Doce, especialmente no que se refere aos resultados de turbidez. Observa-se uma redução dos níveis de turbidez após o rompimento da barragem, contudo na comparação com a série histórica no período pré-rompimento, verifica-se que os valores de turbidez, mesmo 2,5 anos após o rompimento, são bastante superiores aos que eram obtidos antes do rompimento da barragem de Fundão.

Esses resultados indicam que, mesmo com as diversas ações implementadas ao longo desses anos, ainda não é possível verificar o reestabelecimento dos níveis de turbidez ao que eram encontrados antes do acidente.

Avaliação do comportamento do Ferro Dissolvido

Na comparação entre os referidos períodos, observa-se que os valores de ferro dissolvido sofreram pouca variação entre a série histórica e os dois anos após o rompimento (2016 e 2017), Registra-se uma pequena elevação no 1º ano logo após o rompimento, na comparação com o período pré-rompimento, uma vez que a mediana sofreu elevação passando de 0,13 mg/L no período pré-rompimento para 0,18 mg/L em 2016. Há que se considerar que as variações dos percentuais ocorreram todas na segunda casa decimal, não refletindo, portanto uma elevação dos valores.

No que se refere à violação ao limite de classe 2 (0,3 mg/L) observa-se que na série histórica antes do rompimento (entre jan/2010 e out/2015) e nos 2 anos após o rompimento 90% dos resultados estiveram em conformidade com o limite de classe.

Entretanto, no primeiro semestre de 2018, todos os percentuais sofreram elevação. Nesse período, 50% dos resultados estiveram acima de 0,30 mg/L, indicando violação em mais de 50% dos resultados. Observa-se que das 83 análises realizadas no 1° semestre de 2018, 42 apresentaram violação do limite de classe, sendo 18 violações na estação chuvosa e 24 na seca.

Observou-se um aumento expressivo no 1º ano após o rompimento e uma redução, principalmente em 2017. Esse fato pode ser confirmado ao comparar os valores de mediana: 0,06 mg/L no pré-rompimento, 0,18 mg/L no 1º ano após o rompimento e 0,08 mg/L em 2017. Já em 2018, registra-se uma pequena elevação considerando os seis primeiros meses, passando a registrar mediana de 0,10 mg/L (indicando violação em mais de 50% dos resultados).

No que se refere à violação ao limite de classe 2 (0,1 mg/L) observa-se que na série histórica antes do rompimento (entre jan/2010 e out/2015) em torno de 75% dos resultados estiveram em conformidade com o limite de classe. Porém, após o rompimento, valores acima de 0,1 mg/L foram registrados em mais de 50% dos dados em 2016 (dos 90 resultados de manganês total obtidos, 57 estiveram acima do limite de classe) e em torno de 40% dos dados em 2017 (dos 112 resultados de manganês total obtidos, 43 estiveram acima do limite de classe).

O manganês também é um elemento importante na composição do rejeito que extravasou. Além disso, é possível observar que os maiores registros de violação, em todos os períodos avaliados, ocorreram no período chuvoso, demonstrando o comportamento sazonal deste parâmetro, assim como observado para turbidez e sólidos, em suspensão total. Esclarece-se que no presente estudo o manganês é avaliado na forma total, tal como definido na Deliberação Normativa (DN) 01/08. Esses resultados confirmam a associação do manganês com o material particulado em suspensão. Os resultados de manganês demonstram que mesmo 2,5 anos após o rompimento, os valores ainda permanecem superiores aos que eram obtidos antes do rompimento da barragem de Fundão.

Fonte: IGAM.