O desmatamento e as
queimadas no Cerrado geraram, entre 1990 e 2017, a emissão de 7 bilhões de
toneladas de CO2 equivalentes, que causam o efeito estufa – foram 159 milhões
de toneladas só no ano passado, o que equivale a 17% do total de emissões por
mudança do uso do solo no Brasil.
Os dados são baseados no
SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do
Observatório do Clima, e foram lançados pelo IPAM (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia) na 24ª Conferência do Clima (COP 24), da ONU, que
acontece na Polônia.
O Cerrado é o segundo maior
bioma da América do Sul, com 2 milhões de quilômetros quadrados, e dá origem a
dois terços das bacias hidrográficas brasileiras. Mais da metade de sua
vegetação nativa foi desmatada, e a maior parte do bioma (45%) abriga pastagens
e atividades agrícolas – 12% da soja produzida no mundo sai do Cerrado.
“A agropecuária no Cerrado
tem bastante espaço para crescer com sustentabilidade, de forma a aproveitar as
áreas já abertas com eficiência, conservação de recursos hídricos e manutenção
da vegetação nativa, inclusive a que poderia ser desmatada legalmente”, afirma
a pesquisadora do IPAM Gabriela Russo, que coordenou o trabalho divulgado na
COP 24. “Um caminho é implementar mecanismos de mercado, que remunerem os
produtores rurais que tenham mais vegetação nativa do que rege a lei.”
Pelas regras do Código
Florestal, existem 325 mil km2 de vegetação nativa que podem ser legalmente
desmatados no Cerrado, o que geraria 3,2 bilhões de toneladas de CO2
equivalentes na atmosfera. Há ainda 25,6 mil km2 de áreas públicas não
destinadas no bioma, que não estão sujeitas a nenhuma categoria fundiária
definida e podem, facilmente, ser alvo de desmatamento irregular e grilagem de
terras. Se desmatadas, gerariam mais 200 milhões de toneladas.
“O Cerrado e sua população
precisam de apoio. Conservar o que resta do bioma é bom para o clima, para a
água que serve boa parte do Brasil, para a agricultura e para as pessoas que
ali vivem”, diz a diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.
Fonte:
Envolverde