Apenas
13% do estado de Sergipe é coberto por florestas, totalizando cerca de 286 mil
hectares, distribuídos entre o bioma Caatinga e Mata Atlântica. Essa cobertura
ocorre de forma desigual: 56% dos municípios apresentam entre 1% e 10% de
cobertura florestal enquanto apenas 10 dos 75 municípios sergipanos abrigam
metade de toda a área de floresta do estado.
O
levantamento identificou também que 20% das florestas de Sergipe estão nas 23
Unidades de Conservação - UCs existentes no estado. A área protegida total é de
119 mil hectares, o que corresponde a 5% do território do estado, mas pouco
menos da metade das UCs – cerca de 57 mil hectares – contém floresta.
Esses
dados fazem parte dos resultados do Inventário Florestal Nacional - IFN,
realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro - SFB, órgão do Ministério do Meio
Ambiente, com o objetivo de avaliar a quantidade e qualidade dos recursos
florestais no país.
Em
Sergipe, o IFN foi realizado em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e dos Recursos Hídricos - Semarh e o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - Funerh,
que investiu R$ 1,6 milhão para a coleta de dados em campo. Coube ao Serviço
Florestal a coordenação do trabalho em campo, a compilação e análise dos dados,
e a publicação dos resultados, com recursos do Projeto GEF/FAO de apoio ao IFN.
Para
a análise, foram medidas 4.220 árvores e palmeiras, coletadas 1.465 amostras
botânicas (folhas, flores e frutos), além de amostras de solo, informações
sobre a saúde das árvores, entre outros dados biofísicos, em 177 pontos do
estado. Também foram realizadas entrevistas com moradores das áreas vizinhas
aos pontos de coleta de dados.
O Diretor
de Pesquisa e Informações Florestais do Serviço Florestal, Joberto Freitas,
destaca que a conservação e preservação da biodiversidade são fundamentais à
qualidade de vida das pessoas e que os recursos florestais são estratégicos
para a economia. “O IFN contribui com o conhecimento da diversidade biológica
do país, por meio da identificação das espécies de árvores e arbustos e sua
distribuição sobre o território”, explica.
Apesar
da baixa cobertura florestal, o IFN-SE identificou 530 espécies de árvores,
palmeiras, cactos, lianas e ervas, sendo 57 delas registradas pela primeira vez
no estado. Em relação à sanidade das árvores, somente 36% foram consideradas
sadias.
O
estudo também identificou evidências de atividades humanas, o chamado
antropismo, em 70% dos locais amostrados, sendo a presença de animais
domésticos de grande porte o mais comum (68%), seguido de sinais de incêndios
(18%). Sinais de erosão foram observados em 35% dos pontos inventariados no
estado.
Áreas
de mananciais e de desertificação
O
levantamento nas áreas de mananciais e de desertificação foi ampliado para
gerar informações mais detalhadas sobre a qualidade das florestas nestas áreas
estratégicas. “Durante a realização do IFN-SE, foram enfatizadas as áreas de
mananciais que servem para abastecimento humano, e também a região do Alto
Sertão, com o intuito de conhecer o grau de degradação e antever ações de
combate à desertificação”, explica o secretário do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos de Sergipe, Olivier Chagas.
Tanto
as áreas de desertificação como as de mananciais também apresentaram pouca
cobertura florestal (18% e 11% da área total, respectivamente), o que aponta
para a necessidade de políticas de ordenamento territorial e de recuperação
florestal em todo o estado.
Em
relação à sanidade das árvores, as áreas de mananciais e de desertificação
apresentaram um resultado melhor do que o estado. Enquanto 36% das árvores
foram consideradas sadias no resultado geral do estado, nas áreas de mananciais
esse índice foi de 47% e no Alto Sertão, de 55%.
“Essas
informações se revestem de grande importância, pois servirão para subsidiar a
tomada de decisões e a adoção de políticas públicas que visam garantir o uso
sustentável dos recursos naturais, além de servir como fonte de informação para
gestores do setor público, privado e da sociedade civil como um todo”, avalia o
Secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe, Olivier Chagas.
Estoques
das Florestas
No
IFN são levantados dados para a quantificação dos recursos estocados nas
florestas, em especial, o volume de madeira e os estoques de biomassa e
carbono. O volume de madeira, geralmente obtido a partir do diâmetro e altura
das árvores, é um dado importante para as políticas de manejo florestal
sustentável.
Estima-se
que nas áreas de floresta de Sergipe o estoque total de madeira é de cerca de
10 milhões de m³ (35 m³/ha). Quando separado por bioma, o volume de madeira
estocado na área da Caatinga é de cerca de 3,8 milhões de m³ (26 m³/ha) e na
região de Mata Atlântica, 6,2 milhões de m³ (44 m³/ha).
Já em
relação aos estoques de carbono, a estimativa é que Sergipe possua
aproximadamente 7,7 milhões de toneladas de carbono armazenadas acima e abaixo
do solo e na madeira caída no solo em suas florestas naturais.
Levantamento
socioambiental
O
Inventário Florestal Nacional também busca identificar a relação da sociedade
com a floresta. Para isso, são realizadas entrevistas com moradores das
proximidades das áreas pesquisadas. Em Sergipe, foram entrevistadas 649
pessoas, sendo 67% mulheres e 37% homens.
Do
total de entrevistados, 65% afirmaram fazer algum uso de produtos florestais
madeireiros. Destes, 100% afirmaram fazer uso doméstico da madeira, enquanto
apenas 5% declararam fazer também uso comercial. Lenha, postes e carvão são os
principais produtos madeireiros utilizados. Entre os produtos não madeireiros,
as folhas, os frutos e as cascas são os mais usados.
Cerca
de 43% dos entrevistados utilizam produtos florestais para complementar sua
renda. Dentre estas pessoas, 57% afirmaram que a participação dos produtos
florestais na renda é superior a 50%, e o restante (43%) que a contribuição
varia entre 10 a 50% da renda.
As espécies
florestais mais utilizadas pelos entrevistados na região da Caatinga são a
catingueira, a jurema e a aroeira. Já na Mata Atlântica, as espécies mais
usadas pelos entrevistados são a jurema, o cajueiro e o barbatimão. Nesta
região, a mangaba aparece também entre as espécies de maior importância
socioambiental para os entrevistados.
O
estado de Sergipe é atualmente o segundo maior produtor brasileiro de mangaba.
Em 2016, a produção no estado foi de cerca de 190 toneladas. Os municípios mais
produtivos são Pirambu, Itaporanga d’ Ajuda, Estância e Andiaroba, responsáveis
por cerca de 80% da produção total do estado.
Fonte: Serviço
Florestal Brasileiro.