O
loteamento político de cargos públicos dos órgãos ambientais alcançou a
presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio.
O nome cotado é o de Moacir Bicalho, Vice-presidente do PROS Nacional envolvido
no escândalo da Odebrecht na Operação Lava Jato. A indicação está sendo
atribuída ao Ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo. O cargo ficou
vago após a saída de Ricardo Soavinski para a Sanepar, companhia de saneamento
do Paraná.
De
acordo com carta de protesto assinada por 204 instituições e entidades da
sociedade civil organizada, desde 2017 o ICMBio vem sendo enfraquecido pela
ocupação de cargos técnicos importantes, como coordenações regionais e chefias
de unidades de conservação, por políticos sem nenhuma experiência e competência
comprovada na área ambiental. O grupo pede o fim e a reversão das nomeações
estritamente políticas e a escolha de um presidente "idôneo e portador de
notório saber e experiência profissional na área ambiental".
Neste
ano, o ICMBio entrou na mira dos políticos após aprovação da medida provisória
que cria o fundo para compensação ambiental. Com a decisão, cerca de R$ 1,4
bilhões que estavam "presos" no caixa geral do governo ficaram à
disposição da autarquia.
O
movimento de resistência contra o loteamento político de cargos ambientais tem
ganhado força. Uma petição online criada na plataforma change.org tem mais de
21 mil assinaturas. O assunto foi pauta do programa Estúdio i, da GloboNews. No
programa, o Jornalista e ambientalista André Trigueiro criticou, com veemência,
a articulação política.
Trigueiro
comentou ainda sobre o pedido feito também por Carlos Marun no início deste ano
para que Emerson Fernandes de Lima ocupasse a chefia da Reserva Biológica de
Tinguá, no Rio de Janeiro, que protege importante área de Mata Atlântica.
Segundo o jornalista, Lima é proprietário de uma panificadora em Nova Iguaçu. A
indicação foi confirmada no último dia 9. "O que está acontecendo na área
ambiental do Brasil é uma vergonha", afirmou.
Se
a indicação de Bicalho for confirmada, será a primeira vez que o ICMBio será
gerido por um político sem ligação com a área ambiental desde a criação da
autarquia, em 2007. O órgão é responsável atualmente pela gestão de 333 unidades
de conservação federais, que abrangem 9% do território continental e 24% do
território marinho.
Fonte: AMDA.