A empresa CSN Mineração comunicou ao Ministério
Público Federal - MPF o cumprimento de item do Termo de Acordo Preliminar - TAP
firmado em 10 de abril deste ano para a revisão imediata das declarações de
estabilidade de todas as barragens de rejeitos pertencentes à mineradora, em
especial das que estão localizadas nos municípios mineiros de Congonhas,
Conselheiro Lafaiete e Rio Acima, e para a adoção de providências visando à
eliminação definitiva dessas estruturas.
A empresa comprovou o cumprimento de item do TAP, que
previu a completa e definitiva descaracterização e o descomissionamento da
Barragem B2 Água Preta localizada em Conselheiro Lafaiete/MG, com o protocolo,
junto à Agência Nacional de Mineração/ANM, de pedido de retirada da estrutura
do Cadastro Nacional de Barragens.
A Barragem B2 foi construída para a disposição de
rejeitos da mineração de manganês da mina Água Preta e está localizada a cerca
de 4,5 km da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição da cidade de
Conselheiro Lafaiete, na região central do estado de Minas Gerais. Com a
desativação da mina, a CSN optou por descaracterizar a barragem, cujas obras
compreendem a remoção parcial do maciço da barragem, a construção de um canal
no reservatório e o reaterro desse reservatório.
"O processo de descomissionamento e
descaracterização de barragens, que, na prática, significa esvaziá-las ou
aterrá-las, integrando-as ao meio ambiente e eliminando completamente os riscos
inerentes a essas estruturas, também está sujeito a várias
condicionantes", explica a procuradora da República Mirian Moreira Lima.
"No acordo que firmamos com a CSN, deixamos claro que a empresa deve
seguir rigorosamente as exigências técnicas que garantam a manutenção do Fator
de Segurança igual ou superior ao recomendado pela ANM e o foco do nosso trabalho
é chegar à completa extinção desse tipo de barragem alteada pelo método a
montante, que possui alto risco de rompimento, com perigo para vidas humanas”.
Após o rompimento das barragens da Vale em Brumadinho,
a legislação avançou com a criação de novas regras de segurança para esse tipo
de estrutura, inclusive proibindo barragens com método de alteamento a montante
e estabelecendo a obrigatoriedade de descomissionamento e descaracterização das
atualmente existentes.
Entre as barragens da CSN, estão também a Casa de
Pedra, uma estrutura com alto potencial de dano associado, eis que situada em
área urbana densamente povoada da cidade de Congonhas/MG, e as barragens B2 e
Água Preta, que já se encontram em processo de descaracterização, com processo
de licenciamento concluído para seu descomissionamento ainda em 2019.
"Nossa intenção, com o TAP, foi estabelecer
também uma série de compromissos que vinculem a CSN ao cumprimento imediato de
medidas de segurança até que a barragem em risco seja extinta, com a realização
de inspeções diárias nas barragens e o lançamento das respectivas informações
no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração, como
também a instalação, até o dia 16 de junho deste ano, de equipamentos capazes
de monitorar, em tempo integral, eventuais deformações e deslocamentos das
estruturas, bem como de sistemas automatizados de acionamento de sirenes nas
zonas de autossalvamento", informa a procuradora da República.
Ela afirma que, mesmo nos casos em que as barragens já
estejam passando por processo de descomissionamento, como é o caso da B2, em
Conselheiro Lafaiete, "o TAP estabeleceu regras a serem cumpridas pela
mineradora, de forma que o resultado final do processo garanta higidez
ambiental, como o reforço das estruturas ou até mesmo a construção de nova
estrutura de contenção a jusante, com o objetivo de reduzir ou eliminar o risco
de liquefação".
"É evidente que estamos diante de uma situação em
que precisamos dar a destinação adequada aos rejeitos minerários depositados
nas atuais barragens", diz Mirian Lima. "Por isso, o TAP estabeleceu
prazo de 120 dias para que a CSN apresente aos órgãos públicos competentes
projetos para utilização de métodos alternativos de acumulação e disposição de
rejeitos a seco, que são mais seguros e ambientalmente menos nocivos".
Custeio de trabalhos técnicos – Outra importante
conquista obtida pelo MPF com a assinatura do TAP foi o compromisso da CSN em
custear por oito meses despesas relacionadas à contratação, pelo MPF, de
especialistas para a realização de vistorias, identificação de problemas
estruturais e apontamento de soluções.
De acordo com a procuradora da República, "uma
das maiores preocupações do Ministério Público reside na imprescindibilidade de
se contar com conhecimento técnico e especializado sobre as condições
estruturais das barragens, ainda mais, diante da insegurança gerada por laudos
produzidos pelas auditorias contratadas pelas mineradoras nos últimos anos, de
que o caso Brumadinho é o maior exemplo. Por isso, conseguimos, por meio do
TAP, recursos para a contratação de especialistas, do setor público e/ou
privado, que fornecerão análises independentes, indicando eventuais
irregularidades e medidas a serem adotadas para assegurar a estabilidade dessas
estruturas".
Miriam Lima ressalta que os relatórios e laudos
produzidos pelos especialistas ficarão à disposição da própria mineradora, para
que possam servir de subsídios técnicos na administração das barragens. O TAP
também previu que, em caso de descumprimento de quaisquer das obrigações
assumidas com o MPF, será aplicada multa diária no valor de R$ 50 mil além da
exigência judicial do cumprimento de todas as obrigações assumidas pela
Empresa.
Fonte: MPF.