Unidades de conservação do Quadrilátero Ferrífero devem ser integradas
[13/11/2018]
Conhecido pela pressão minerária, devido à grande
riqueza, representada sobretudo por jazidas de minério de ferro, o Quadrilátero
Ferrífero deverá formar um mosaico de unidades de conservação que pode garantir
a integridade de sua vida selvagem, dos biomas e da água que abastece a região
mais populosa de Minas Gerais. O lançamento desse plano ocorre amanhã, na sede
do Ibama, em Belo Horizonte, com a presença de representantes do órgão federal,
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, da
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semad, de
prefeituras e de administrações de unidades de conservação. Serão mais de 30
unidades de conservação envolvidas nesse mosaico, entre parques, matas e
reservas federais, estaduais, municipais e também particulares. Uma ação que
permitirá ações integradas e uma grande cobertura para essa área, que sofre
muitos impactos e depende de seus recursos naturais e humanos.
Um mosaico é um conjunto de áreas protegidas,
justapostas ou sobrepostas, onde há ações conjuntas que devem ser fortalecidas
e complementadas. O que se pretende estabelecer no Quadrilátero Ferrífero é o
último a integrar a primeira fase de formação dessas junções de unidades de
conservação, para abranger a área de 3,7 milhões de hectares, compreendida
entre Ouro Branco (Região Central) e Diamantina (Vale do Rio Jequitinhonha),
reconhecida em 2005 pela Unesco como Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.
Os mosaicos do Alto Jequitinhonha à Serra do Cabral (Norte de Minas ao Jequitinhonha)
e da Serra do Cipó (Região Central) já haviam sido formados anteriormente,
restando, agora, o reconhecimento do Quadrilátero Ferrífero para recobrir
completamente a área de Reserva da Biosfera.
De acordo com o professor do departamento de biologia
da PUC-Minas Miguel Ângelo Andrade, coordenador do Comitê Estadual da Reserva
da Biosfera da Serra do Espinhaço, pela grande abrangência da área e identidade
regional das unidades, a formação dos mosaicos permite processos de
mobilização, dando sentido à cooperação para o desenvolvimento de bases
conservacionais. “Cada região tem a sua identidade e seus atributos, como as
bacias hidrográficas, os aspectos biogeográficos e de governança. Regionalizar
essa diversidade é muito importante”, considera o professor.
Como benefícios diretos, Miguel Ângelo aponta a
possibilidade de a região assumir sua vocação para a conservação, uma forma
mais estreita e coordenada de cooperação entre as unidades e a
institucionalização de um instrumento de governança comum. “Essa gestão
conjunta, em um conselho, permite o apoio e o planejamento da prevenção e
combate a incêndios florestais. Permite, também a identificação e a
implementação de corredores ecológicos que possibilita a ligação de uma área
natural a outra, dentro do mosaico de áreas protegidas, permitindo mobilidade
entre as espécies. Por exemplo: Uma onça que sai da área natural que habita e
encontra uma zona urbana não consegue mais sair. Pelo corredor natural, ela
pode encontrar outras populações e aumentar a viabilidade genética da espécie.
Um dos fatores que atualmente mais levam à extinção é a fragmentação dos
hábitats”, observa o coordenador do comitê estadual.
OURO LÍQUIDO Outra vantagem dessas áreas naturais
preservadas, especialmente notável na região do Quadrilátero Ferrífero, é a
capacidade de armazenar água e amenizar o clima dos centros populacionais do
entorno. “Há ganhos de provisão de recursos hídricos essenciais ao
abastecimento e ao fornecimento de água de qualidade, bem como impactos que
amenizam o clima. Sem esquecer que são espaços de educação ambiental e para a
contemplação do meio ambiente para as populações”, observa o professor Miguel
Andrade.
A próxima fase de reconhecimento do Quadrilátero
Ferrífero como Reserva da Biosfera ainda está sob análise técnica da Unesco.
Segundo Andrade, o próximo trecho contemplado seguiria pelo Norte de Minas e
vale do Jequitinhonha, a partir de Diamantina, até a porção baiana da formação
rochosa. “O geossistema do Quadrilátero Ferrífero se destaca por contar com muitas
espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, uma área prioritária para a
conservação da biodiversidade de Minas Gerais”, disse.
Fonte: Estado de Minas.
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