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Notícias - Outubro/2018

 

Fundação investe em cuidado com nascentes para compensar danos da tragédia de Mariana

[18/10/2018]

A seca deste ano esvaziou o Córrego Boa Vista ao ponto de o fazendeiro Marcos Jacob da Costa, de 57 anos, não ter mais como bombear água para sua propriedade. Mas uma das medidas de compensação para os estragos trazidos pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, pode mudar esse futuro, já que a fazenda dele, no município de Galileia, a cerca de 50 quilômetros de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, foi selecionada pela Fundação Renova para receber o cercamento e a preservação de 11 nascentes do Córrego Boa Vista. “Minha esperança é que, com esse cercamento e com o plantio de árvores nas nascentes, o Boa Vista possa voltar a correr aqui na seca como fez a vida toda”, disse.

A lama e os rejeitos de mineração despejados no Rio Doce pela Samarco passaram a 30 quilômetros da fazenda do senhor Marcos Jacob, mas há terrenos a até 100 quilômetros de distância do rio devastado recebendo os mesmos trabalhos de preservação de nascentes, como ocorre no município de Itambacuri. “Esse é um trabalho que visa ajudar a devolver água em quantidade e qualidade melhores para os afluentes que compõem o Rio Doce”, disse Almir Jacomelli, líder de operações agroflorestais da Fundação Renova.

O programa de cercamento, reflorestamento e manutenção de nascentes da fundação visa atender a 5 mil surgências em 10 anos. Desde sua implementação, em 2016, já foram beneficiadas 1.050 nascentes em 12 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. “Pode parecer pouco ante a grandeza do Rio Doce e de suas 350 mil nascentes, mas a ideia é também mudar essa cultura local, muito ligada ao extrativismo, para uma de mais preservação e sustentabilidade”, disse o analista de programas socioambientais da Fundação Renova, Felipe Drummond. O programa de nascentes atuará em 420 propriedades. Já foram gastos R$ 15 milhões de um total estimado de R$ 300 milhões. Cada propriedade terá uma média de investimentos de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

As microbacias beneficiadas são determinadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Doce (CBH-Doce), que seleciona estrategicamente aquelas mais degradadas ou de maior contribuição para o rio. “Vamos até os produtores dessas regiões procurar saber quem se interessa. Damos incentivo para cercar a nascente e plantamos mudas nativas. Com isso, o gado para de pisotear a nascente, reduzimos a erosão e o ingresso de sedimentos para lá, aumentando a retenção de água na área de recarga que abastece o olho d’água”, disse Jacomelli. Até o momento, foram utilizadas 140 mil mudas, sendo que a previsão é de que se chegue a 1 milhão.

O rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, despejou cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, matando 19 pessoas, atingindo aproximadamente 500 mil pessoas e devastando a bacia hidrográfica do Rio Doce, até o litoral brasileiro, nessa que é considerada a pior tragédia socioambiental brasileira e uma das piores do mundo.

Esperança para a produção

O Córrego Boa Vista fluía o ano inteiro e de suas águas o fazendeiro Marcos Jacob Costa abastecia seu terreno, uma propriedade rural que recebeu de herança dos seus pais, em 1986. O líquido é precioso para matar a sede das cerca de 300 cabeças de gado de corte e leiteiro nos terrenos erodidos e secos que são comuns na região de Governador Valadares, um reflexo de anos de derrubada da Mata Atlântica, plantio de capim e pisoteamento pelo gado.

“Fui subindo o córrego e descobri que muita gente, inclusive uma mineradora, não pararam de puxar a água nem com essa seca”, conta o fazendeiro, que foi obrigado a construir barragens com sacos de areia no leito seco e arenoso para manter empoçamentos durante a estiagem. Mas nem essa solução garantiu o abastecimento da propriedade. “A minha esperança é mesmo cuidar das nascentes que estão bem aqui na minha propriedade. Isso daqui é tudo que tenho para sustentar a minha família”, disse. O produtor ainda foi atingido diretamente pela tragédia. “Moro em Valadares e até hoje só bebo água mineral. Na água das torneiras ninguém mais confia depois que desceu aquela lama contaminada”, afirma.

Fonte: Estado de Minas.