O Ministério Público de Minas Gerais ajuizou Ação
Civil Pública - ACP contra a Minérios Nacional para que a empresa adote medidas
emergenciais para garantir a estabilidade estrutural de duas barragens de
rejeitos de minério do Complexo Minerário de Fernandinho, localizado no
município de Rio Acima, região Central de Minas, às margens da rodovia que liga
Belo Horizonte a Itabirito.
Segundo a Promotoria de Justiça de Nova Lima, que
atua no caso, laudos técnicos feitos em 2017 e 2018 por empresa independente,
pela Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM e por peritos do MPMG indicaram
problemas na Barragem B2 e B2-auxiliar. O documento ainda listou diversas
recomendações que devem ser observadas pela empresa para garantir a segurança
das estruturas.
A falta de estabilidade levou, inclusive, a
Superintendência do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM em Minas
Gerais a interditar e suspender as atividades de disposição de rejeitos nas
duas barragens, construídas no modelo de alteamento, que, entre outras
técnicas, é a que gera menos custos, mas, ao mesmo tempo, a que implica mais
riscos de rompimento, pois tem maior possibilidade de erosão, de assoreamento e
de liquefação do solo.
Os laudos técnicos concluíram também que as
barragens não apresentam estabilidade geotécnica e hidráulicas; que os
vazamentos na barreira de contenção são indícios de risco iminente de ruptura;
que os locais estão classificados com “alto potencial de dano a jusante”; que
medidas deverão ser tomadas, conforme recomendações do auditor e dos
consultores, até que a situação de risco seja afastada; e que os órgãos
fiscalizadores devem ser avisados sobre o aumento do risco de rompimento.
“A situação identificada reflete risco iminente e
elevado de gravíssimos danos sociais e ambientais, dentre os quais destacam-se
o risco de perdas de vidas humanas, soterramento de dezenas de quilômetros de
vegetação, edificações, estradas, cursos d’água, nascentes, mananciais de
abastecimento e danos à fauna”, afirmaram, na ACP, os Promotores de Justiça
Cláudia de Oliveira Ignez e Francisco Chaves Generoso.
Na ACP, Ignez e Generoso querem que a Justiça
obrigue a empresa Minérios Nacional a elaborar um plano de ação que garanta a
total estabilidade e a segurança de todas as estruturas de contenção de
rejeitos do Complexo de Fernandinho; que a mineradora mantenha a contratação de
auditoria técnica independente para o acompanhamento e a fiscalização das
medidas de reparo e reforço das estruturas; e que todas as providências
recomendadas pela auditoria técnica e pelos órgãos competentes sejam adotadas
imediatamente.
Os Promotores de Justiça cobram ainda que a
mineradora execute, em até 15 dias, um Plano de Ações Emergenciais e um Plano
de Segurança de Barragens e que a empresa não lance mais rejeitos nas
barragens. Além disso, pedem que elabore, após aprovação dos órgãos
competentes, em 30 dias, um Plano de Fechamento das Barragens B2 e B2-Auxiliar,
prevendo a reabilitação das áreas e o fechamento apropriado das estruturas, sob
pena de multa diária de R$ 1 milhão.
Fonte: MPMG.