A
importância que os movimentos sociais e a população lutem contra a privatização
das empresas públicas responsáveis pela distribuição de água, abastecimento e
saneamento foi defendido por convidados em audiência pública da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais - ALMG, na
quinta-feira 14/12.
O
objetivo era lançar e debater o Fórum Alternativo Mundial da Água - FAMA 2018,
que será realizado de 17 a 22 de março de 2018, em Brasília - DF. O Fama ocorre
como contraponto ao 8º Fórum Mundial da Água, considerado oficial, e que também
ocorrerá em Brasília, de 18 a 23 de março. O tema do Fama é a luta contra a
privatização e a comercialização da água.
O
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e
Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais -
Sindágua, José Maria dos Santos, apontou que empresas públicas que cuidam das
fontes de energia estão sendo privatizadas e que a água agora está sendo
visada. “Temos que defender nossos rios e nossa água das empresas
multinacionais”, afirmou.
Segundo
ele, o fórum alternativo está sendo organizado pelos movimentos sociais para
confrontar a política de privatização do Governo Federal e o interesse das
empresas multinacionais. “O desafio dos movimentos sociais é manter públicas as
empresas que cuidam da nossa água”, concluiu.
Recursos
naturais - Para a presidente da Central Única dos Trabalhadores e
coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas
Gerais, Beatriz Cerqueira, o que está em jogo no fórum oficial é a presença de
grandes empresas internacionais que querem comprar nossos recursos naturais e o
governo federal que quer vender.
“Temos
que nos articular, porque em pouco tempo a quantidade de água que chega nas
nossas casas não estará mais no nosso controle. A luta pela água está
intimamente ligada à luta contra o golpe que enfrentamos”, afirmou.
Lutar
pela água é defender a soberania nacional
A
Representante da Coordenação Estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens,
Aline Ruas, afirmou que a realização do fórum alternativo é necessária para
defender a soberania nacional. “A água está em disputa e precisamos garantir o
nosso controle sobre ela”, disse.
Aline
Ruas lembrou que o país tem grande abundância de água e possui os dois maiores
aquíferos do mundo. Segundo ela, o fórum oficial está sendo realizado em
Brasília justamente por conta do interesse das grandes empresas internacionais
pelo potencial hídrico do Brasil. “O objetivo é tornar a água uma mercadoria,
mas a água é um direito das pessoas”, considerou.
O
autor do requerimento, Deputado Rogério Correia, reforçou que o risco de
mercantilização da água é grande e apontou que a privatização de usinas da CEMIG,
ocorrida neste ano, já significa o controle de empresas internacionais sobre o
recurso em Minas. Ele lembrou que a América Latina sempre exerceu o papel de
fornecedora de matéria-prima para as grandes potências e que a água será o
próximo recurso natural alvo de interesse.
O
Deputado federal Padre João defendeu a importância de que Minas Gerais chegue
com uma proposta concreta, construída pelo poder público, pelos sindicatos e
pelos movimentos sociais, para apresentar no fórum alternativo. Para ele, a
responsabilidade de todos pela produção e consumo de água é um assunto que deve
ser debatido.
Vargem
das Flores pode sofrer alteração no zoneamento
A
Representante do Comitê de Defesa de Vargem das Flores, Cristina Maria de
Oliveira, falou sobre a luta enfrentada pela comunidade para defender e
preservar a represa, diante de projeto da Prefeitura de Contagem que pode
alterar o zoneamento da região.
Ela
explicou a Vargem das Flores foi criada na década de 60 para atender a 700 mil
habitantes. Entretanto, a partir dos anos 80, a Prefeitura de Contagem
estimulou a ocupação urbana, com a criação de bairros, além dos loteamentos
irregulares e clandestinos que começaram a surgir.
Segundo
ela, a situação pode piorar agora devido a uma proposta da Prefeitura de
Contagem de alterar o plano diretor do município. Cristina de Oliveira explicou
que o objetivo é eliminar a área rural do município, o que viabilizaria a
ocupação da parte rural da Vargem das Flores por indústrias e empreendimentos
imobiliários.
De
acordo com ela, essa ocupação poderia gerar um impacto enorme, secando a
represa e eliminando a flora e a fauna, já que a projeção é de que mais 900 mil
pessoas passem a habitar o local em 50 anos. Na reunião, as entidades presentes
aprovaram uma moção de apoio à defesa da represa.
Rio
Doce – Já o Representante indígena, Giovani Krenak, falou sobre a situação da
população da região do Rio Doce, após a contaminação das águas com o rompimento
da barragem de rejeitos em Mariana - Central. Para ele, a privatização do uso
da água já está acontecendo, pois devido a atuação das mineradoras foi tirado o
direito da população de nadar e banhar no rio.
A
vice-presidente da comissão, Deputada Celise Laviola, lamentou o ocorrido na
região e se solidarizou à população da região do Rio Doce.
Fonte: ALMG.