O Ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, o Presidente do IBAMA, Eduardo Bim, e a União
tornaram-se alvos de uma ação na Justiça Federal por omissão de informações
sobre áreas embargadas por crimes ambientais.
Na ação popular,
deputados requerem a imediata divulgação dos dados abertos de todos os embargos
e autuações ambientais realizadas pelo IBAMA desde 10/2019. A ação se baseia em
denúncia publicada no último dia 18/06 por veículos de imprensa.
A reportagem revelou
que, há mais de oito meses, tais informações foram emitidas e que, por lei,
devem ser divulgadas com total transparência pelo governo, por ser informação
crucial para concessões de crédito financeiro e comercialização de produtos
agrícolas.
O apagão das áreas
embargadas ocorreu após Ricardo Salles determinar mudanças nos sistemas que
eram utilizados pelo IBAMA para divulgar as informações. As alterações no
chamado Sistema Integrado de Cadastro, Arrecadação e Fiscalização - SICAFI
fizeram com que os dados se perdessem, além das informações históricas sobre
multas e demais autos de infração lavrados pelo órgão ambiental.
Na ação, os deputados
pedem que ainda que a Justiça Federal declare "lesivo o ato omisso
cometido pela administração pública" e solicitam ainda o encaminhamento da
ação ao Ministério Público Federal.
Os dados de áreas
embargadas por desmatamento ilegal permitem, por exemplo, que compradores de
produtos agrícolas saibam que estão adquirindo mercadorias de produtores
idôneos, que utilizam áreas em situação regular para plantio e produção animal.
Na prática, compradores correm o risco de adquirir gado e soja, por exemplo,
produzidos em terras irregulares. Essas informações também são cruciais para
que bancos e demais instituições financeiras, ao liberarem crédito para o
agronegócio, saibam que seus recursos estão sendo usados para financiar
operações sem nenhum tipo de irregularidade.
"Quando o
sistema SICAFI fica a ermo de informações sobre áreas embargadas, multas
aplicadas e outros registros, torna impossível a verificação pela sociedade
civil e cria cenário favorável para infratores cometerem seus atos ilegais,
ainda sob a justificativa de falta de informação", sustenta a ação.
Questionado sobre o
assunto, o IBAMA afirma que se trata de um problema de integração com outros
sistemas. O órgão não informa por que a situação persiste, mas que tem
trabalhado para que os dados voltem a ser divulgados.
Fonte: G1