O 1º Mapa de Negócios
Sustentáveis da Baía de Guanabara identificou 69 empreendimentos que promovem
soluções de impacto socioambiental positivo em 17 municípios da região. O estudo,
disponível no site da Fundação, apresenta as principais características do
empreendedorismo de impacto para a conservação da biodiversidade, segurança
hídrica e resiliência costeiro-marinha em toda a região hidrográfica da Baía de
Guanabara. A iniciativa é da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente - INEA, Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FIRJAN, Instituto humanize e Sebrae Rio.
“Entendemos que o
empreendedorismo sustentável é fundamental para induzir o desenvolvimento
socioeconômico aliado à conservação da natureza. A partir das informações
sistematizadas neste Mapa podemos desenvolver programas de apoio aos negócios
em conjunto com outras instituições e parceiros do território. Nossa intenção é
fortalecer esses negócios, reforçando a lógica de que a conservação da
biodiversidade pode ser compreendida também como um ativo”, explica Guilherme
Karam, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
O mapeamento identificou
negócios com atuação nos municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias,
Guapimirim, ltaboraí, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, São Gonçalo, São João
de Meriti, Tanguá, Cachoeiras de Macacu, Maricá, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio Bonito
e Rio de Janeiro. “Sabemos que os municípios que integram a Região Hidrográfica
da Baía de Guanabara possuem grandes desafios socioeconômicos e ambientais, mas
também existe um grande potencial de desenvolvimento e inovação por meio de
negócios promissores alinhados à conservação da biodiversidade”, frisa Karam.
Perfil dos negócios
Entre os 69 negócios
mapeados, 34 são dedicados a produtos e serviços sustentáveis, representando
49% da amostra, seguido por turismo sustentável (18,8%), saneamento (17,4%),
agricultura, pecuária e manejo florestal sustentável (8,7%) e aquicultura,
pesca sustentável e maricultura (5,8%). O estudo apontou que a maior parte dos
empreendimentos está em fase inicial de maturidade, alguns ainda no
desenvolvimento de ideias, protótipos, pilotos e organização. Apenas 8% dos
negócios já estão nas fases de pré-escala ou escala. “Ao mesmo tempo em que
revela o potencial de desenvolvimento em diferentes cadeias de valor, o mapa
mostra que esses empreendedores precisam de apoio para decolar”, constata
Karam. “E justamente neste momento eles
precisam de planejamento, orientação e investimento externo para que se
estabeleçam. Quanto mais negócios sustentáveis maduros existirem, mais chances
teremos de gerar desenvolvimento, lucro e empregos a partir da conservação da
natureza”, analisa.
O Mapa revelou que a
maioria dos negócios de impacto na região hidrográfica da Baía de Guanabara
ainda é de pequeno porte. Apenas 16% faturaram mais de R$ 100 mil em 2020,
sendo que 37% deles não tiveram faturamento no ano passado.. A maior parte das
iniciativas identificadas (89%) possui times com menos de 20 colaboradores. O
estudo mostrou também grande necessidade de captar recursos. Atualmente, 44,3%
dos negócios estão em processo de captação ou análise de recursos, e 48,2% têm
a intenção de buscar recursos externos em um futuro próximo. Apenas 7,5% dos
empreendedores declararam não ter intenção de captar recursos.
A busca por aceleração é um
caminho visto com bons olhos por 84% dos negócios mapeados. Destes, 55,9% já
buscaram aceleração, mas ainda não foram contemplados em programas com este
fim, enquanto 11,8% já foram acelerados ou incubados uma vez e 16,3% passaram
por esse tipo de programa de apoio mais de uma vez.
Um desafio comum entre os
empreendedores é a necessidade de aprimorar a mensuração do impacto de suas
ações. Dos negócios que atuam diretamente com conservação da biodiversidade, a
maioria absoluta, 96,64%, declara ter capacidade de gerar impacto positivo em
conservação e apenas 37,6% dos negócios ainda não definiram indicadores e/ou
objetos de impacto social.
Para 38,3% dos
empreendedores, apesar de terem os indicadores ou objetivos de impacto
definidos, ainda não há medição de maneira formal e disciplinada. Entre os que
já realizam a mensuração, 12% têm processo formal de pesquisa interna para
coletar dados e comunicar amplamente, mas apenas 0,5% contrata uma organização
externa para auditar os dados e cuidar da comunicação.
Outro fato relevante e
positivo identificado é que os empreendimentos contribuem diretamente para os
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com destaque para os
objetivos 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; 6 – Água potável e
saneamento; 8 – Trabalho decente e crescimento econômico; e 3 – Saúde e Bem
Estar.
Negócios de destaque
Os organizadores do 1º Mapa
de Negócios Sustentáveis da Baía de Guanabara escolheram três negócios de
destaque. Além de obterem mais visibilidade para suas ações, os empreendedores
poderão interagir com outros atores estratégicos da região e receber capacitação
especializada. Um dos destaques é a Madre Frutos, iniciativa do Sinal do Vale,
empresa que realiza o manejo sustentável da jaca em áreas protegidas por meio
do processamento da fruta e da geração de renda para agricultores familiares. A
proposta do negócio – além de contribuir para o controle da jaca, espécie
invasora, não nativa da Mata Atlântica – é desenvolver produtos saudáveis
orgânicos e regionais de maneira que também regenerem e conservem o solo e a
mata em que são cultivados, aproximando ainda os produtores dos consumidores.
Outro destaque é o
e-Trilhas, uma plataforma digital que conecta praticantes de trilhas
ecológicas, gestores de unidades de conservação, guias turísticos e outros
fornecedores da cadeia produtiva do entorno, como restaurantes e pousadas, por
exemplo. A proposta é atrair novos visitantes para as trilhas, gerando um
ambiente de colaboração entre todas as partes interessadas na visitação de
áreas naturais, contribuindo assim para a geração de renda sem colocar em risco
a conservação da natureza.
O terceiro destaque é o
Action Tratamento de Resíduos, negócio que surgiu com o objetivo de realizar a
coleta e o tratamento dos resíduos poluentes da água, além de fazer o reuso,
destinando a água tratada para a agricultura orgânica de baixo impacto no
cultivo de frutas. A empresa coleta, transporta e destina resíduos poluentes de
forma legal e responsável e atua também com a locação e a limpeza de banheiros
químicos.
Fonte: INEA RJ