Em evento no dia 22/07/2021,
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
assinou um Termo de Cooperação Técnica com a Agência Internacional de
Cooperação do Japão - JICA para aumentar a precisão da detecção de desmatamento
na Amazônia Legal via monitoramento de satélite e com o desenvolvimento de um
sistema de inteligência artificial que apontará as áreas foco para
fiscalização. O projeto, sem custos para o Brasil, terá duração prevista de 5
anos e, de acordo com o Ibama, prevê também um investimento total de US$5
milhões feito pela agência japonesa no Ibama, que incluirão equipamentos e
cursos para capacitação de servidores no Japão.
Segundo o Ibama ainda, o
projeto prevê a criação de um sistema de detecção complementar aos já
existentes, como o Deter e o Prodes, ambos realizados pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais - INPE.
O acordo de cooperação foi
assinado pelo Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e pelo Presidente
substituto do IBAMA, Jônatas Trindade, junto às autoridades japonesas. O
objetivo da parceria entre Ibama e JICA é aprimorar o sistema de detecção de
desmatamento por corte raso em florestas tropicais desenvolvido pela Agência de
Exploração Aeroespacial do Japão - JAXA para as condições amazônicas. O
monitoramento será feito pelo satélite japonês ALOS-2, que produz imagens de
radar, tecnologia que permite a detecção de desmatamento mesmo que a superfície
esteja coberta por nuvens ou com chuva, condições comuns nos céus sobre a maior
floresta tropical do mundo – principalmente durante a estação chuvosa – e que
dificultam a visibilidade.
Um consenso entre especialistas
de fiscalização é que a peça-chave para o combate de ilícitos ambientais não é
tanto o monitoramento e a identificação de áreas desmatadas, mas o que se faz
com essa informação, no caso, a fiscalização in loco, com operações de
inteligência para flagrar infratores ambientais. De acordo com o Ibama, os
dados gerados pelo ALOS-2 serão processados pelo Centro Nacional de Monitoramento
e Informações Ambientais - CENIMA e
enviados para a Diretoria de Proteção Ambiental - DIPRO, que coordena as
operações de fiscalização ambiental. Também será desenvolvido um sistema de
previsibilidade de áreas críticas de desmatamento para orientar e priorizar as
ações de combate ao desmatamento ilegal.
“O Centro Nacional de
Monitoramento e Informação - CENIMA desenvolverá junto com o perito japonês,
que ficará presente no Centro do Ibama, algoritmos para gerar alertas de
desmatamento oriundos das imagens do satélite japonês ALOS 2. Nesse projeto, o
Ibama identificará as áreas críticas para as ações de fiscalização e priorização
dos alertas, por meio de rankeamento, utilizando inteligência artificial. O
monitoramento será realizado pelos servidores do Ibama e os peritos da JICA”,
explica ao ((o))eco a assessoria de comunicação do órgão ambiental.
Aposta do IBAMA e do MMA é
que satélite trará maior precisão para identificar áreas desmatadas na Amazônia
quando houver cobertura de nuvens.
A assessoria informa ainda
que o Ibama receberá os alertas de desmatamento na Amazônia Legal a cada 28
dias, uma informação que será fundamental especialmente na época chuvosa, “que
é hoje um grande limitante de adquirir dados de desmatamento por parte dos
sistemas atuais de monitoramento ambiental, que sofrem com a interferência da
cobertura de nuvens”.
“Com esse aprimoramento nós
vamos conseguir imagens que vão poder filtrar as nuvens em algumas regiões e
com isso ter mais precisão no comando e na fiscalização, e nas operações que
acontecem no território. Eu acho que essa é a palavra, inovação. É muito importante
sempre estar melhorando os sistemas. O sistema já é bastante robusto, o sistema
que é desenvolvido em parceria com o INPE e que o CENIMA faz aqui no Ibama é
bastante robusto, mas é super importante
inovação. Acho que essa parceria mostra a preocupação com inovação no comando e
controle dos crimes ambientais, na Amazônia especialmente”, declarou o Ministro
do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante o evento.
O atual acordo entre Ibama
e a JICA começou a ser negociado em 2018 e de acordo com o ministro, a parceria
já vai começar a dar resultados. “Nos próximos meses nós já vamos estar
treinando técnicos em geo [geoprocessamento] para poder utilizar esse novo
sistema e assim ter mais precisão nas operações”, afirmou.
Fonte: O Eco